Review: all-in-one AOC EVO para Android

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No fim de agosto, a AOC convocou alguns jornalistas especializados para anunciar o lançamento de dois novos integrantes da EVO, sua peculiar família de dispositivos all-in-one. Os modelos em questão chamaram a atenção pelo seu sistema operacional: em vez de rodar o clássico e tradicional Windows, os gadgets saem de fábrica equipados com o Android 4.1 Jelly Bean, que é comumente empregado em tablets e telefones celulares.

A ideia de usar o SO da Google em um aparelho com tela de 19,5 polegadas e através do tradicional conjunto de mouse/teclado pode parecer estranha, mas há uma lógica razoável por trás do projeto. “Se o seu celular e tablet são Android, por que o computador da sua casa não pode ser também?”, questiona Elcio Hardt, gerente de produto da AOC. De acordo com o executivo, a empresa constatou o sistema operacional da Google está presente em 95% dos tablets e 77% dos smartphones vendidos no país. Sendo assim, na teoria, nada mais lógico do que levar um ambiente a que o usuário já está acostumado para o desktop.

Poucos meses após o lançamento do aparelho, o TecMundo teve a oportunidade de testar o A207PWH, modelo mais básico dos dois aparelhos (com tela de 19,5 polegadas e sem touch; o A207PWH, que é um modelo avançado, tem display de 21,5 polegadas e sensibilidade a toques). O produto já pode ser encontrado nas gôndolas nacionais pelo preço sugerido de R$ 899, mas será que vale a pena investir seu precioso dinheiro nesse gadget incomum?

Tirando da caixa

O EVO A207PWH pode ser considerado um aparelho bonito, e as primeiras impressões que tivemos assim que retiramos o produto da caixa foram positivas. Apesar de ser um tanto grosso, o “monitor” – que leva dentro de si todo o hardware do all-in-one – é bem leve e pode ser segurado com facilidade usando-se apenas uma mão.

O produto tem um acabamento bem decente e, diferente do que alguns concluem a partir de fotos, parece um tanto resistente. A versão do aparelho que recebemos para análise foi a branca, e recomendamos que eventuais consumidores optem pela edição preta (a branca parece sujar muito rápido). Chama a atenção o fato do monitor ser bastante opaco, não exibindo os tão temidos reflexos.

Por outro lado, dois pontos desagradaram logo durante a montagem do computador. Primeiramente, alguma peça interna veio solta, e era possível ouvir um barulho incômodo enquanto transportávamos o all-in-one. Além disso, o suporte destacável que mantém o monitor em pé é muito duro, sendo necessário exercer uma força exagerada para ajustá-lo no ângulo desejado. Não temos certeza se esses problemas eram particularidades da unidade testada, mas é impossível deixar de comentar sobre essas desvantagens.

Um conceito que não deu certo

O Android é, por natureza, um sistema operacional fácil de ser operado. Contudo, focando nas crianças e seus pais como público-alvo, a AOC não mediu esforços para facilitar ainda mais a experiência do usuário. Ao ligar o EVO pela primeira vez, você conta com a ajuda de um wizard (guia passo a passo) bastante intuitivo que lhe ajuda a fazer as configurações essenciais do aparelho, como conectar à internet sem fio, escolher o layout do teclado e definir o formato de data/hora. Finalizada essa etapa inicial, o all-in-one se transforma em um tablet Android convencional – e é nesse momento que os problemas começam.

Em primeiro lugar, a interface do sistema operacional da Google foi projetada para aparelhos pequenos. Ela simplesmente não combina com uma tela de 19,5 polegadas. A resolução fica baixíssima, as fontes ficam borradas e os ícones se tornam grandes demais. Em suma, a menos que você jamais tenha brincado com um tablet ou celular Android, será impossível não se sentir desconfortável enquanto utiliza o EVO para navegar na internet, responder emails e baixar aplicativos na Play Store.

Além disso, por mais que o all-in-one acompanhe um teclado adaptado para o SO da Google (ele é desprovido de atalhos próprios do Windows, como as teclas Function, mas possui botões especiais para o sistema operacional móvel), fica difícil utilizá-lo com esse periférico tão tradicional. Você instintivamente tenta usar o Alt + F4 para fechar uma janela ou clicar com o botão direito do mouse para abrir o menu de contexto – no EVO, este clique lhe fará voltar para a página anterior do browser ou app aberto. Talvez você se acostume depois de alguns dias, mas até então...

O Android mais fraco do mercado?

Sofrível também é o hardware do produto testado. Vamos ignorar o fato de que o aparelho roda uma versão ultrapassada do sistema operacional Android (uma atualização para o 4.4 KitKat foi prometida para até o final de 2014; nem vamos comentar sobre o 5.0 Lollipop) e falar sobre os specs em si. O EVO A207PWH possui apenas 1 GB de memória RAM e 8 GB de armazenamento interno, que pode ser expandido por um cartão micro SD de até 32 GB.

A memória nativa do produto se esgotou poucos minutos após o início de teste, ficando cheia com os poucos apps e jogos que utilizamos para esse tipo de análise. O processador dual-core de 1,5 GHz, que não é nem MediaTek e nem Qualcomm (alguém já ouviu falar de Amlogic?), é incapaz de lidar com muitos programas abertos ao mesmo tempo.

Mas o golpe final veio mesmo quando tentamos rodar alguns games no all-in-one da AOC. Você vai ficar chocado se eu falar que muitos títulos não reconhecem o teclado e mouse do produto, de forma que você simplesmente não consegue jogá-los? Isso aconteceu com Asphalt 8: Airborne e Dead Trigger 2. Conseguimos rodar Angry Birds normalmente, mas venhamos e convenhamos: é triste pagar R$ 899 em um aparelho que só consegue lidar com a clássica obra da Rovio, não é mesmo?

Só por curiosidade, resolvemos rodar alguns programas básicos de benchmark no EVO A207PWH, e o resultado não nos surpreendeu. No AnTuTu, o modelo conseguiu ridículos 6.220 pontos, pouco mais do que os pré-históricos Moto Razr (6.153) e Samsung Galaxy S2 (6.173). No gráfico abaixo, você compara o desempenho do all-in-one com a performance de smartphones de entrada disponíveis no mercado.

Tentamos rodar o GFX Benchmark no gadget testado, mas não conseguimos sequer abrir o programa. O mesmo ocorreu com o Basemark X, que simplesmente congelou na tela inicial (na qual você deve aceitar os termos de uso). Conseguimos executar o Vellamo e, como de praxe, aplicamos os testes HTML5 e Metal. Compare o desempenho do EVO com outros smartphones de baixa potência.

Outros detalhes importantes (ou não)

O EVO para Android possui uma webcam que, de acordo com a AOC, consegue capturar vídeos em 720p. Em nossos testes, a câmera se mostrou bem mediana, tirando fotos com baixa resolução e uma baixíssima fidelidade de cores. Outro detalhe que merece ser citado é a possibilidade de utilizar o all-in-one como um monitor convencional, bastando conectar uma segunda fonte de vídeo (outro desktop, um notebook, um leitor multimídia etc.) na conexão HDMI ou entrada VGA. O modelo conta até mesmo com furações no padrão VESA, sendo compatível com qualquer suporte de parede vendido no mercado.

Para usar o produto confortavelmente com uma fonte de vídeo externa, contudo, é essencial utilizar o menu de ajustes de imagens acessível através dos botões localizados no canto inferior direito do display. Eles são pouco precisos e a navegação por tais menus é um tanto confusa, mas você pega o jeito após algumas tentativas.

Vale a pena?

Não. A ideia da AOC pode até ser boa, mas não custava nada caprichar um pouco mais no hardware do modelo. O conjunto de processador, armazenamento interno e memória é insuficiente até mesmo para quem deseja um desktop para usos básicos – em poucos minutos você estará com o eMMC cheio e sofrerá com travamentos absurdos caso queira rodar mais do que quatro aplicativos simultaneamente.

E, se você pensou em comprar o A207PWH apenas para jogar alguns games de Android em uma tela grande, esqueça: como comentamos anteriormente, muitos títulos não reconhecem o mouse e teclado que acompanham o dispositivo. É provável que você consiga contornar essa situação usando um gamepad USB ou fazendo root no aparelho (de forma que seja possível usar apps avançados para “simular” uma touchscreen com o ponteiro do mouse), mas não chegamos a experimentar tais alternativas incômodas ao usuário final.

Além disso, novamente, o sistema operacional da Google não foi programado para desktops. Com isso, o Android perde muito de sua usabilidade ao ser retirado de telas sensíveis ao toque e ser portado para um aparelho grande e equipado com um teclado tradicional. Você vai demorar bastante até se acostumar com esse novo conceito e, no fim das contas, jamais terá uma experiência tão agradável quanto a de um all-in-one com Windows. Fuja!

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