7 projetos nucleares totalmente malucos criados ao longo da história

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Por mais eficiente que a energia nuclear possa ter se mostrado através dos anos, todo o mundo sabe que ela evidentemente é extremamente perigosa, podendo causar estragos gigantescos ao menor erro. Mas isso é algo que pensamos só agora, após anos de muito estudo sobre o assunto e com conhecimento de vários desastres relacionados a ele.

No início do século 20, a energia nuclear era vista como a solução para todos os nossos problemas, uma vez que ela gerava “energia infinita”. Para ajudar, os riscos, é claro, eram consideravelmente desconhecidos (ou totalmente ignorados), fazendo com que as pessoas acreditassem que essa era uma fonte limpa para a humanidade.

Como resultado, as primeiras décadas seguintes à descoberta da energia nuclear trouxeram alguns dos projetos mais absurdos que você pode imaginar, de veículos a brinquedos – e o pessoal do ListVerse, por sua vez, fez uma pequena lista para mostrar alguns dos mais bizarros. Obviamente, isso também inclui um grande número de projetos militares que acabaram nunca sendo utilizados, felizmente. Confira logo abaixo:

1 - Carros

Como dito anteriormente, a possibilidade de uma fonte de energia tão eficiente atraiu um enorme número de pessoas e empresas. Apenas algumas poucas delas, no entanto, tinham os recursos necessários para tentar colocar essas ideias em prática; logo, isso não atrapalhou a Ford de tentar criar seu próprio carro nuclear, o chamado Ford Nucleon, na década de 50.

Projetado com foco em oferecer uma autonomia de 8 mil quilômetros por “tanque”, o Nucleon era um veículo realmente bizarro. Apesar de trazer o estilo característico da época, ele mais parecia uma nave espacial sobre rodas, uma vez que sua cabine era mantida o mais para a frente possível – algo necessário para garantir mais distância do reator localizado na traseira do veículo e dar mais espaço para a blindagem contra a radiação.

O mais estranho disso tudo era a ideia por trás do abastecimento do Ford Nucleon. O plano da empresa era trocar os postos de combustível por estações de recarga especiais, em que todo o reator do carro era trocado por um novinho em folha. Felizmente, alguém acabou por enxergar o óbvio durante o projeto e percebeu que um acidente causado em uma simples batida com o Ford Nucleon poderia ter consequências catastróficas, e o projeto foi descartado.

2 - Navios

Você já ouviu falar do navio Lenin? Se sua resposta foi “não”, não se preocupe, nós explicamos. O Lenin foi o primeiro navio quebra-gelo criado pela União Soviética movido a energia nuclear, e é provavelmente o caso mais bem-sucedido dessa lista. A ideia pode parecer desnecessária, de início, mas acredite: esse caso é exatamente o contrário.

O fato é que os navios quebra-gelo são extremamente importantes nos mares mais gélidos, pois do contrário seria simplesmente impossível transportar cargas grandes por áreas de água congelada. Ao mesmo tempo, esses veículos eram bastante limitados por sua quantidade máxima de combustível; logo, adicionar um motor nuclear se mostrou a solução perfeita.

E se você acha que isso foi algo abandonado rapidamente, se engana. O primeiro Lenin, criado em 1959, só foi aposentado e colocado em um museu 50 anos depois de seu lançamento, em 2009; mesmo assim, ele se mostrou tão eficiente que diversas empresas criaram frotas de navios nucleares que continuam a atravessar os mares até hoje.

3 - Sondas espaciais

O mais recente projeto da lista foi um daqueles com maior potencial de dar certo. Criado pela NASA, o JIMO (“Jupiter Icy Moons Orbiter” ou “Orbital das Luas Geladas de Júpiter”) era um protótipo de sonda espacial que teria um objetivo realmente ambicioso. Enquanto a maioria dos veículos do gênero eram feitos apenas para visitar um planeta ou lua, o JIMO era projetado para ir até as três luas de Júpiter.

Para alcançar tal façanha, a NASA contaria com um poderoso reator nuclear capaz de levá-lo mais longe do que apenas os painéis solares poderiam. Já ao chegar na lua Europa, o JIMO transformaria seu reator em uma furadeira nuclear, que atravessaria o gelo do planeta com uma simples combinação de peso e calor, para então colocar um drone-submarino no interior líquido do planeta e procurar formas de vida.

Infelizmente, nunca veremos o JIMO atravessar a superfície das luas de Júpiter. O motivo? Um projeto tão ambicioso e de alto risco aliado ao orçamento cada vez menor da NASA fizeram com que o órgão preferisse abandonar o projeto e pensar em abordagens menos complicadas para chegar às três luas.

4 - Aviões

Se um simples acidente envolvendo um carro nuclear já era perigoso, então o que poderia acontecer com um avião movido por um reator? Bem, essa não era exatamente a maior das preocupações dos EUA quando projetaram o bombardeiro nuclear Convair NB-36, logo após a Segunda Guerra.

O veículo, que teve como base o famoso bombardeiro B-36, veio com o objetivo de suprir as limitações na autonomia de voo dos modelos convencionais de aviões – o que era extremamente importante, já que ainda não haviam mísseis intercontinentais para simplesmente atacar outros países.

Obviamente, a utilização de um enorme reator para dar mais autonomia de voo aos bombardeiros pedia uma série de modificações no avião. A cabine dos pilotos, por exemplo, era completamente isolada de seu reator, trazendo uma densa proteção contra a radiação que incluía paredes de chumbo, tanques de água para absorver qualquer radiação residual, avisos de perigo em toda a fuselagem... Isso sem falar em uma linha especial com o presidente, para avisar de uma possível queda do bombardeiro.

Mesmo tendo se saído especialmente bem nos testes, o Convair NB-36 nunca foi utilizado, uma vez que a tecnologia de aviões e de combustível evoluiu ao ponto de um motor nuclear se tornar desnecessário.

5 - Mochilas

Avançando para a época da Guerra Fria, os EUA foram criadores de mais uma arma nuclear completamente maluca: uma mochila-bazuca com projéteis nucleares. O equipamento curioso, que você pode conferir no vídeo acima, vinha com o nome de SADM (“Special Atomic Demolition Munitions” ou “Munições Especiais de Demolição Atômica”, em português) e foi projetado para uso pelas forças especiais em ataques surpresa.

A ideia por trás da mochila era bastante simples: bastaria ao soldado saltar de paraquedas com o equipamento nas costas (ou se aproximar pela água com um equipamento de mergulho), mirar e disparar em um ponto estratégico para demolir uma estrutura ou mesmo desacelerar o avanço inimigo, visto que aquela área passaria a ser inabitável.

Para quem está se perguntando, o SADM nunca entrou em uso – e o mesmo vale para o MADM, uma versão menor e mais fraca de projétil radioativo. Isso provavelmente é uma boa notícia para quem teria que usar esse equipamento, pois é difícil imaginar como alguém não seria afetado por um disparo a distâncias tão curtas.

6 - Lança-mísseis

O caso da SADM pode não ter sido uma boa ideia, mas o lança-mísseis/morteiro/bazuca nuclear M-29 Davy Crockett definitivamente ganha o primeiro prêmio na lista de péssimas armas, por ser uma das mais ineficientes em realizar sua tarefa.

Criado originalmente para ser usado em terra por soldados e, mais tarde, colocado em jipes militares, Davy Crockett era extremamente fácil de ser manuseado: bastava que um soldado lançasse um projétil de 37 milímetros para avaliar a posição de seu alvo, fazer os ajustes no míssil e disparar. O problema é que, mesmo com uma referência para a mira, acertar um disparo sequer utilizando esta arma era quase impossível.

Nos testes, Davy Crockett errava seu alvo por dezenas ou centenas de metros – e isso nas vezes em que ele se saia melhor. Junte a isso uma bomba nada potente, com raio de explosão minúsculo mesmo na força máxima, e as desvantagens a longo prazo para a radioatividade, e essas armas nunca foram usadas, mesmo com algumas sendo fabricadas entre 1961 e 1971.

7 - Tanques de guerra

Se os EUA fabricaram todo tipo de arma capaz de utilizar energia nucleare, obviamente um tanque de guerra não poderia ficar de fora. A ideia criada pela Chrysler com seu tanque TV-8 era das mais ambiciosas, no entanto: desenvolver um veículo não apenas movido por energia de fissão, mas também pronto para sobreviver a um impacto nuclear.

Para tal, a solução foi apostar em um conceito bastante incomum para um tanque. Com um visual que o fez parecer mais com um tanque de guerra dos jogos de ficção científica, o TV-8 contava com um par extra de esteiras e uma carapaça completamente arredondada, além de duas metralhadoras 90 mm e, é claro, o canhão.

Todos os equipamentos mais importantes do veículo, das armas ao motor, ficavam na torre do tanque, que era selada do resto do mundo (para enxergar o exterior, eles precisavam usar um sistema de circuito fechado de câmeras). Isso, no entanto, gerou um problema curioso: o TV-8 era incapaz de girar sua torre de maneira independente, o que significava que o tanque precisava girar por completo para mirar.

Com uma limitação dessas, não deve ser surpresa descobrir que, quando analisado pelo exército norte-americano, o TV-8 foi praticamente desconsiderado, visto que suas melhorias eram insignificantes em comparação aos tanques comuns.

Bônus: “Faça sua própria usina nuclear”

Para fechar a matéria, não poderíamos deixar de falar da mais bizarra aplicação já feita para um material radioativo e a energia nuclear em si: um brinquedo. A ideia do kit era oferecer à criança a chance de realizar diversos experimentos científicos e aprender mais sobre a energia nuclear e a radioatividade, com a ajuda de equipamentos como contadores Geiger, um eletroscópio e um espintariscópio.

Sim, nós estamos falando sério. O Gilbert U-238 Atomic Energy Laboratory, como era chamado, consistia naqueles kits de “Alquimia” que você encontra para vender em qualquer loja de brinquedo de hoje em dia; com a diferença, é claro, de conter amostras verdadeiras de urânio – material que, segundo ele, jamais poderia se provar perigoso.

Felizmente, muita gente foi salva dos efeitos da exposição descuidada a esse material, uma vez que o Gilbert U-238 Atomic Energy Lab foi um fracasso de vendas e saiu do mercado menos de um ano depois de chegar às prateleiras.

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