Pixar e a reinvenção da computação gráfica

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Não há como dizer que existe empresa de animações cinematográficas tão influente quanto a Pixar. A produtora que surgiu para o grande público em 1995, com “Toy Story”, aumentou o valor de suas ações de maneira exponencial e a cada novo lançamento, conquista mais fãs e arranca suspiros por todas as salas de cinema em que seus filmes são exibidos.

O grau de detalhes e realismo utilizados em seus longas e curtas-metragens pode ser considerado uma revolução. Pode-se dizer também que a Pixar é base para as diretrizes das outras empresas, como DreamWorks e Fox. Mas você sabe como tudo isso surgiu? Acompanhe este artigo para entender o segredo de tamanho sucesso.

Toy Story foi o primeiro grande sucesso!

Fonte: Disney Pixar

A história de uma contadora de histórias

Iniciando suas atividades como uma empresa filiada à LucasFilm (de George Lucas), a empresa chamava-se Graphic Group e era dedicada à pesquisa e ao desenvolvimento de softwares de computação gráfica que seriam utilizados em outros filmes de Lucas. Alguns dos principais são “Star Trek II” e “Young Sherlock Holmes”.

Um pouco de Maçã: Steve Jobs entra na história

Em 1986, esta empresa foi vendida para Steve Jobs (da Apple) por apenas 10 milhões de dólares. Foi então que a Pixar ganhou este nome, em homenagem ao ato de criar pixels, mas ainda nesta época, a especialidade era a criação de hardware específico para computação gráfica, como o Pixar Image Computer.

Jobs ganhou muito dinheiro com a Pixar

Fonte: Matt Buchanan

Para incentivar as vendas do produto, John Lassetter (funcionário da empresa) passou a criar pequenas animações e demonstrar como era eficiente o material apresentado. Depois de algum tempo, uma reestruturação na Pixar fez com que ela passasse a utilizar o material produzido, não mais tentar vender.

Após firmar um contrato com a Disney, começou a luta para a montagem de três filmes que analisariam a força dos produtos Pixar, somados ao nome Disney. Assim, em 1995 surgiu o longa-metragem que revolucionou o cinema e levou a computação gráfica para patamares jamais imaginados: “Toy Story”.

Wall-E possui claras menções à Apple.

Fonte: Disney Pixar

O segundo filme da parceria era “Vida de Inseto”, lançado em 1998 e concorrente de “FormiguinhaZ” da DreamWorks, ficando atrás do rival em bilheteria e arrecadação. O último filme da parceria foi a segunda parte de “Toy Story”. Assim como aconteceu com o primeiro, foi sucesso de bilheteria, arrecadando 485 milhões de dólares.

O surgimento de um monstro

Em 2001 chegou às telas “Monstros S.A”, que além de conquistar mais de 500 milhões de dólares, também levou o primeiro Oscar para a casa da Pixar. Depois disso, só vieram sucessos arrasadores: “Procurando Nemo”, “Os Incríveis”, “Carros”, ”Ratatouille”, “Wall-E’, “Up” e a terceira parte de “Toy Story”.

Up arrancou suspiros e lágrimas por onde passou

Fonte: Disney Pixar

Você se lembra que, no começo deste artigo, dissemos que Steve Jobs comprou a Pixar em 1986 por míseros 10 milhões de dólares? Vinte anos depois, a Disney adquiriu a empresa por um valor um pouco mais alto: 7,4 bilhões. Isso transformou Steve Jobs em maior acionista individual da Disney.

Poucos projetos, muito sucesso!

É importante notar que a Pixar não é uma empresa com muitos filmes de sucesso, são apenas 11 sucessos de bilheteria (de “Toy Story” 1 ao 3). Mas é ainda mais importante perceber que isso representa 100% de aproveitamento. O segredo é a dedicação a projetos isolados. Os filmes são criados por equipes direcionadas a fazer obras de arte.

Sucessos absolutos

Fonte: Disney Pixar

Apenas um longa-metragem pode ser lançado por ano e também há anos em que nada é lançado. A Pixar não faz apenas filmes, a Pixar faz dinheiro. Todos os filmes são estendidos às prateleiras de lojas de brinquedos por anos e rendem lucros para a produtora por muito tempo, além das bilheterias.

Por isso a dedicação. Cada personagem deve ser pensado da maneira mais carismática possível, pois deve agradar às crianças e também aos pais. Correndo por fora também estão os vários curtas-metragens da empresa, estes mais frequentes do que os longas. Difícil encontrar um verdadeiro fã de animações que não se apaixone pelas pequenas histórias.

O processo de animação

Para se criar uma animação, não basta possuir um computador com softwares avançados e uma ideia na cabeça. São vários os passos realizados antes de os roteiros começarem a tomar forma. Confira quais são esses passos e entenda a complexidade que envolve a montagem de uma animação com a qualidade que só a Pixar oferece.

Woody, o cowboy de Toy Story

Fonte: Disney Pixar

Nasce uma ideia

Algum funcionário da empresa tem uma ideia para um filme (seja de longa ou curta-metragem). Essa ideia é levada ao conselho da empresa para que sejam avaliadas as possibilidades comerciais (merchandising é um ponto muito importante para a Pixar) e artísticas da ideia.

Caso seja aprovada, a ideia é levada às equipes de projetos da produtora para que sejam elaborados roteiros mais complexos do que os esboços aprovados. Importante lembrar que a Pixar trabalha com, no máximo, dois projetos ao mesmo tempo. Por isso as equipes ficam realmente dedicadas aos filmes.

Ideias sendo discutidas

Fonte: Disney Pixar

Há casos em que um mesmo trecho da história é criado de várias maneiras diferentes. Todas elas são estudadas e analisadas profundamente, visando encontrar um modo de encaixar as cenas perfeitamente. Além de fazer sentido com o que já ocorreu, é de suma importância que sejam pensadas maneiras de ater a atenção do público para acontecimentos posteriores.

Storyboards e dublagem

Antes de qualquer desenho trabalhado e animação em computadores, os personagens e cenas são esboçados em storyboards. Desenhados à mão, são como histórias em quadrinhos que realizam o papel de transição entre roteiro escrito e animação gráfica.

Mesmo sendo apenas esboços, os storyboards não são nada pobres artisticamente. A razão disso é que são os storyboards que darão as instruções mais importantes para os animadores. Diferenças no humor e na expressão corporal ou facial, movimentos e até mesmo trejeitos de cada um são representados nesses storyboards.

Primeiros desenhos

Fonte: Disney Pixar

Algumas empresas são conhecidas por utilizarem atores consagrados em suas dublagens, o que faz com que o público identifique-se e seja conquistada pelos personagens mais facilmente. A Pixar até faz isso em alguns filmes, mas não utiliza os nomes dos dubladores como carros-chefes das obras.

Todos os atores envolvidos gravam várias vezes as mesmas linhas de voz, de maneira livre e com várias entonações. Depois são escolhidas as que ficarem melhores para fazer parte dos filmes, garantindo ainda mais qualidade e chances de sucesso para as películas.

Edição e arte iniciais

No Brasil, este passo é chamado de “Monstrinho”. Isso porque as primeiras edições ainda não trabalham com nada animado, mas apenas com os sons (trilha sonora e dublagem) e as imagens do storyboard. Dessa forma, é possível saber se as histórias funcionam no formato desejado e no tempo definido.

Análise dos desenhos editados

Fonte: Disney Pixar

Após as aprovações anteriores, é necessário começar a colocar cores nos desenhos. Grande parte deles é feita com pastéis, pois dessa forma torna-se possível simular a iluminação de cada cena.

Modelagem e texturização

Com os desenhos coloridos, começam a ser criados os modelos para a animação. As movimentações são todas feitas com modelos “aramados”, antes de as texturas serem aplicadas da maneira que vemos nos cinemas. Segundo a Pixar, há personagens que chegam a possuir centenas de “dobradiças” para movimentação e expressão.

Modelos prontos e história definida. Chega a hora de cobrir os seres de arame com texturas. Os designers obedecem às ordens dos diretores, que dão suas opiniões acerca das localizações mais indicadas para cada objeto e também para os personagens, sempre buscando criar ambientes mais agradáveis e condizentes com as situações.

Simulando um estúdio

Dentro dos softwares de animação, são criados estúdios virtuais. É isso que faz com que os filmes da Pixar não sejam apenas animações com plano estático. Os filmes são feitos como se fossem criados com atores reais, utilizando closes, angulações e efeitos que simulam a produção de uma obra hollywoodiana.

É por isso que o papel dos animadores é tão importante. Eles trabalham como se fossem atores e devem coreografar as cenas para deixar evidentes as expressões e pensamentos dos personagens. Exemplos clássicos são as expressões corporais do cowboy Woody, nos filmes “Toy Story”.

Um detalhe importante das animações da Pixar está relacionado à iluminação individual dos objetos. Todos os personagens possuem detalhes de luz e sombras individuais, garantindo mais fidelidade aos cenários e mais realismo às histórias.

Renderização e finalização

Renderizar um filme não é uma tarefa fácil e é nesse ponto que surgem os principais computadores da Pixar. Mesmo com uma enorme ilha de máquinas dedicadas para apenas essa função, há frames (sim, quadros de 1/24 segundos) que levam até 90 horas para serem renderizados por completo. A grande maioria dos frames é mais simples e leva cerca de “apenas” seis horas para isso.

Por fim, os editores adicionam as vozes, os efeitos e as trilhas sonoras ao filme. Assim, chega ao fim o processo de animação da Pixar. Pode não parecer, mas aquelas duas horas em que estamos nos cinemas representam muitas horas de trabalho de uma equipe competentíssima.

Renderização é um passo complexo

Fonte: Pixar Renderman

Próximos lançamentos

Ainda em 2011, chega às salas de cinema de todo o mundo a continuação do aclamado “Carros”. Assim como aconteceu com as sequências de “Toy Story”, é bem provável que os fãs notem melhorias significativas nos gráficos (que já eram excelentes). Mater e McQueen voltam às telas para mais aventuras.

Para o ano que vem, outra continuação. Ainda sem informações concretas sobre o roteiro, “Monstros S.A 2” deve voltar a apresentar Sulley e Mike em aventuras surpreendentes com a pequena (que talvez tenha crescido) Boo.

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Você já conhecia o processo de criação da Pixar? Sabia que ela pertencia a Steve Jobs? Deixe um comentário para contar o que achou de nosso artigo e aproveite para dizer se concorda quando o Baixaki diz que a Pixar revolucionou o mundo da computação gráfica.

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