Nootrópicos viram moda entre os trabalhadores do Vale do Silício

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Em meio a um ambiente que prioriza a inovação e o esforço intelectual, muitos empreendedores do Vale do Silício estão recorrendo a drogas conhecidas como “nootrópicos” para se destacar. Segundo quem ingere essas substâncias, elas providenciam melhorias na memória, foco acentuado e uma maior claridade de pensamento sem nenhum efeito colateral nocivo.

“Eu posso deixar muitas coisas na memória ao mesmo tempo”, afirmou Jesper Noehr, de 30 anos, ao The Guardian. Há pelo menos seis meses, ele ingere uma dieta matinal formada por um coquetel constituído por suplementos alimentares exóticos e substâncias químicas que, em suas palavras, permitem que ele se destaque em seu trabalho.

O nome “nootrópico” surgiu da palavra grega “noos”, que significa “mente” — e é justamente isso que as novas drogas prometem: melhorar as capacidades mentais de seus usuários. Para se adequar nessa categoria, as substâncias não podem ser nocivas nem viciantes — o que deixa de fora estimulantes comuns como a ritalina e o adderall.

Aumentando a capacidade intelectual

Embora não haja dados oficiais sobre essas substâncias, elas estão ganhando popularidade entre os trabalhadores do Vale do Silício. “Eu diria que a maioria das companhias de tecnologia têm pelo menos uma pessoa usando isso”, afirmou Noehr. Segundo o desenvolvedor de software Jesse Lawler, as drogas são especialmente atraentes devido ao ambiente intelectualmente competitivo da área.

Lawler explica que cada nootrópico é distinto e pode causar efeitos variados dependendo da pessoa que os ingere. Usuários das substâncias costumam compartilhar experiências em fóruns e em sites como o Reddit, e não é incomum que cada pessoa tenha sua própria receita constituída por estimulantes e químicos diferenciados.

No entanto, muitas pessoas preferem não discutir o assunto visto a situação um tanto complicada de certas substâncias comuns. Muitos costumam usar medicamentos que não possuem regulação nos Estados Unidos, recorrendo à internet para obtê-los — algo que, não raras vezes, é feito sob “áreas cinzentas” da legislação do país.

Um “Velho Oeste” das drogas

Isso não impediu o surgimento de startups como a Nootroo e a Nootrobox, que prometem oferecer produtos voltados ao público que trabalha na área da tecnologia. Ambas as empresas afirmam ter clientes em companhias de destaque na área, embora nenhuma delas cite o nome de seus consumidores.

Entrevistado pelo The Guardian, o cofundador da Nootrobox, Geoffrey Woo, admite que há certo sentimento de “Velho Oeste” em relação aos nootrópicos. Segundo ele, a intenção de sua companhia é acabar com isso incentivando um processo de “regulação inteligente” que permita usar drogas que ainda não passaram pela legalização necessária.

A neurocientista Barbara Sahakian, da Universidade de Cambridge, afirma que não há como descartar a possibilidade de que os nootrópicos surtam o efeito descrito. No entanto, ela acredita que é preciso estabelecer limites para seu uso (como proibir que pessoas com cérebros em processo de desenvolvimento os consumam) e que são necessários estudos que mostrem os efeitos em longo prazo das substâncias. “Provar a segurança e a eficácia são necessários”, conclui a pesquisadora.

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