35 anos de Chernobyl: gerações seguintes não são afetadas

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Imagem: Jovem em fábrica abandonada, em Pripyat. Fonte: Pixabay

Um estudo publicado em 22 de abril na revista científica Science afirma que os filhos de pais expostos à radiação de Chernobyl, na Ucrânia, não possuem mutações associadas com a exposição em seus genes. A descoberta promete aliviar o medo de ter filhos com problemas de saúde em pessoas que tiveram contato com altas doses de radiação.

Como o estudo foi feito

Pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos (NCI), em Maryland, procuraram por mutações no genoma dos filhos de pessoas que trabalharam na limpeza de Chernobyl após o desastre (chamadas de “liquidators”), de ex-moradores de Pripyat – cidade vizinha do local do acidente nuclear – e de ex-residentes de áreas até 70 quilômetros de Chernobyl.

Pripyat hoje é uma cidade abandonada – e só deve ser habitável daqui a 20 mil anos.Pripyat hoje é uma cidade abandonada – e só deve ser habitável daqui a 20 mil anos.Fonte:  Pixabay 

“Foram analisadas famílias inteiras”, explicou o Dr. Stephen Chanock, um dos autores do estudo. Pais e mães tiveram seu DNA comparado com os dos filhos, que tiveram seus genomas mapeados por inteiro em busca de mutações “de novo” –  novas mutações que não foram herdadas de nenhum dos pais. Os dados foram analisados por nove meses e nenhum sinal foi encontrado.

Medo de conceber filhos doentes

Gerry Thomas, professora do Imperial College de Londres e especialista em tumores ligados à radiação, comemorou o resultado em entrevista à BBC: “o novo estudo é o primeiro a demonstrar que mesmo em altas doses, a radiação não afeta gerações futuras”, afirmou. Para a pesquisadora, a esperança é que a notícia traga alívio para pessoas que eventualmente sejam expostas à radiação ionizante em novos incidentes, como aconteceu na cidade de Fukushima, no Japão, em 2011.

DNA: estudo afirmou que não encontrou mutações nos genomas dos filhos de expostos à radiação.DNA: estudo afirmou que não encontrou mutações nos genomas dos filhos de expostos à radiação.Fonte:  Pixabay 

A professora Thomas liderou outra pesquisa no campo de contato com radiação, também publicada na revista Science: a relação do acidente de Chernobyl com o câncer de tireoide. O incidente foi responsável por cerca de cinco mil casos da doença, cuja vasta maioria foi tratada e curada.

Acredita-se que os casos tenham ocorrido devido ao consumo por parte da população de leite das vacas que habitavam a região. Afetadas pela radiação, o leite produzido foi contaminado por iodo radioativo, elemento liberado pelo reator danificado na usina.

Edifício abandonado em Pripyat. Moradores da região foram afetados pela radiação e muitos desenvolveram câncer de tireoide.Edifício abandonado em Pripyat. Moradores da região foram afetados pela radiação e muitos desenvolveram câncer de tireoide.Fonte:  Pixabay 

A autora do estudo afirmou que não há diferença entre os casos  de câncer decorrentes de radiação e os ocorridos por outras causas: "Descobrimos que não há diferença entre os casos de câncer de tireoide causados pela radiação de Chernobyl e outros casos, então podemos tratá-los da mesma forma como tratamos os outros pacientes", disse.

O acidente nuclear de Chernobyl

Em 26 de abril de 1986, um teste de segurança deu errado na Usina Nuclear de Chernobyl, no norte da Ucrânia. Um reator pegou fogo devido a um superaquecimento causado por falha humana. O incidente ficou conhecido como um dos maiores desastres nucleares da história.

Usina de Chernobyl hoje. Um sarcófago protege a área do reator em que ocorreu o acidente nuclear.Usina de Chernobyl hoje. Um sarcófago protege a área do reator em que ocorreu o acidente nuclear.Fonte:  Pixabay 

Fumaça e fogo ocasionados por uma segunda explosão lançaram elementos radioativos na atmosfera. Rapidamente a radiação foi espalhada pelos campos e cidades próximas a Chernobyl.

Pripyat, cidade vizinha à usina, na qual residiam muitos dos trabalhadores do local, foi evacuada e até hoje é uma cidade fantasma. Estudos apontam que a região só deve voltar a se tornar habitável daqui a 20 mil anos. 35 anos após o desastre, os cientistas ainda estão estudando qual a extensão dos danos causados pelo acidente.

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