Como cientistas vão hackear uma galinha para recriar um dinossauro

3 min de leitura
Imagem de: Como cientistas vão hackear uma galinha para recriar um dinossauro

Os cientistas passaram anos afirmando que os dinossauros eram animais muito similares aos répteis que podemos encontrar atualmente. Nos últimos tempos, essa afirmação começou a ser contrariada, pois foram descobertos fósseis do período Cretáceo (época em que os dinossauros alcançaram o ponto mais alto da cadeia evolutiva) que mostram a existência de penas.

Isso significa que pode realmente existir uma ligação entre os dinossauros e as atuais aves. Com base nessa crença, um cientista norte-americano chamado Jack Horner está planejando recriar um dinossauro a partir do código genético de uma galinha. Para ele, há uma série de pontos da anatomia galinácea que comprovam a descendência evolutiva.

Então quer dizer que as galinhas são dinossauros evoluídos?

Pode parecer loucura, mas é isso que os cientistas estão afirmando. Jack Horner, paleontólogo, afirma que até mesmo a maneira como as aves dispõem os ovos nos ninhos é um traço da herança genética. E isso seria apenas o começo, pois anatomicamente ainda haveria uma série de elementos congruentes nas espécies.

Mas como seria possível – depois de dezenas de milhões de anos e de todas as evoluções pelas quais os animais passaram – fazer com que as galinhas criassem traços similares aos dos dinossauros? Na verdade, as mudanças genéticas não seriam realizadas para “adicionar novas funções”, mas sim reativar “funções adormecidas”.

Jack Horner (Fonte da imagem: Reprodução/Wired Magazine)

Isso seria feito por meio de uma técnica conhecida como atavismo experimental, em que os traços genéticos de antepassados são recuperados artificialmente. Segundo os cientistas, por mais que as espécies não manifestem algumas características, elas continuam disponíveis  nos códigos genéticos, mas a necessidade delas foi sendo diminuída até que pudessem ser totalmente reprimidas. É a evolução.

Casos isolados de atavismo natural ainda acontecem. É a explicação para nascimentos de pessoas com cóccix mais desenvolvidos (em forma de protocaudas) e outras características que são consideradas anomalias genéticas. Forçando a aparição desses traços, o paleontólogo deseja reconstruir um dinossauro.

Evoluir não é apenas crescer

É preciso que fique muito claro que mesmo que as galinhas sejam menores e menos fortes do que os dinossauros, elas podem realmente ser fruto da evolução deles. De acordo com as necessidades das espécies, algumas funções foram sendo deixadas de lado e a força necessária para a sobrevivência foi reduzida.

Com os seres humanos isso também é perceptível. Em fases mais primitivas, o homem precisava de pelos e força física bruta. Quando o homem aprendeu a utilizar peles para aquecer o corpo, a necessidade de pelos foi sendo reduzida, até que pudéssemos chegar ao que somos hoje.

Entendendo melhor o atavismo

Sabe quando alguém diz que você é a cara do seu bisavô? De certa maneira, isso é atavismo. Mais cientificamente: sempre que um elemento de determinada espécie apresenta manifestações fenotípicas (ou seja, externas e visíveis) que representem anomalias em relação aos outros – desde que essa anomalia  represente um resgate de gerações anteriores –, está sendo visto o atavismo.

Utilizando o exemplo dado pela revista Galileu: um bebê que nasce com um terceiro mamilo (traço que já foi presente em etapas distintas da evolução humana) está passando por atavismo. A diferença desse caso é que o atavismo foi natural, não forçado em laboratório, como deseja fazer o paleontólogo Jack Horner.

(Fonte da imagem: Dan Forbes e Jason Clay Lewis/Via Wired)

Devido à complexidade do projeto, várias gerações de embriões precisarão ser testadas. A cada função que o paleontólogo desejar colocar nos animais, serão necessários testes de muitas combinações genéticas. Por isso é muito pouco provável que nos próximos cinco anos a notícia do primeiro dinossauro criado em laboratório chegue. Se quiser mais detalhes, leia a entrevista que o cientista deu à revista Wired (em inglês).

Nada a ver com “Jurassic Park”

No filme de 1993, dirigido por Steven Spielberg, engenheiros genéticos conseguiram clonar dinossauros a partir de DNA encontrado em fósseis. Se você acha que essa seria a maneira mais simples de revivê-los, está enganado. Jack Horner afirma que isso é impossível, pois o DNA fossilizado é muito frágil e seria rompido a cada vez que os experimentos fossem testados.

E é por esse motivo que até hoje não foram feitos clones dos dinossauros. O paleontólogo afirmou ainda que utilizar atavismos forçados é a melhor maneira de reproduzir as características dos dinossauros. Ele agora está esperando o contato de biólogos com pós-doutorado para continuar com as pesquisas.

(Fonte da imagem: Reprodução/Universal Pictures)

.....

Você acha que essa é ideia é uma grande maluquice? Acredite, é real. É provável que durante os próximos anos nós vejamos uma série de avanços sobre as pesquisas de Horner. E você acredita que é realmente possível utilizar a engenharia genética reversa para transformar uma ave em um dinossauro?

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.