Carros autônomos: vale mais a vida do passageiro ou a do pedestre?

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Uma pesquisa publicada na revista Science revelou que a sociedade humana hoje parece não estar realmente pronta para adotar os carros autônomos em larga escala. Isso ficou evidenciado pelas respostas de pesquisados diante de um dilema que, até então, não tinha sido considerado: em um acidente inevitável, o carro deve priorizar a vida de várias pessoas na rua em vez da vida do próprio dono?

Isso parece uma ideia razoável do ponto de vista lógico e ético. Afinal, se o carro tiver o poder de decidir entre matar 10 pessoas que estão atravessando a rua ou matar um único indivíduo que está sentado em um dos bancos, ele deveria sacrificar seu ocupante para preservar a vida de muitos, certo? Os entrevistados responderam à pesquisa exatamente dessa forma, mas, quando foram questionados se comprariam um carro programado dessa forma, o cenário mudou.

Nesse estudo, 76% das pessoas que responderam ao questionário online acham a ideia de preservar a maior quantidade de vidas a melhor solução para a programação dos carros autônomos. Contudo, esses mesmos indivíduos mostraram bem menos entusiasmo quando eles foram colocados na situação do ocupante do carro. Um terço desses 76% não compraria um carro programado dessa forma.

Quando foram questionados se comprariam um carro programado dessa forma, o cenário mudou

Somados aos 24% que já tinham rejeitado a ideia antes de serem colocados no lugar do ocupante, esse pessoal deixou a pesquisa bem dividida. Metade não compraria um carro desse tipo, e metade consideraria comprar.

Esse estudo coloca em xeque a viabilidade de carros autônomos no curto prazo, pelo menos no começo de uma possível popularização desse tipo de veículo. Montadoras teriam que ter muito cuidado na forma como abordam a questão; caso contrário, não conseguiriam vender um carro sequer.

E o governo?

Uma solução para isso seria então o governo intervir e oficializar regras sobre isso, que deveriam ser seguidas por todas fabricantes. Nesse caso, ainda menos pessoas comprariam veículos autônomos segundo a pesquisa.

Contudo, essa situação é muito prematura para definir o futuro dos veículos autônomos. Eles poderiam trazer muito mais benefícios, como menos tráfego, menos poluição e menos mortes, já que o sistema nunca ficaria bêbado ou estaria digitando mensagens no smartphone enquanto dirige. Não haveria o erro humano envolvido no processo.

O problema seria o de uma inteligência artificial fazer essa escolha no nosso lugar?

De qualquer forma, boa parte das pessoas que se encontrassem na mesma situação, entre salvar sua vida atrás do volante ou preservar a vida de várias pessoas na rua, provavelmente jogariam seu carro contra um muro para não atropelar uma multidão. Mas então o problema seria o de uma inteligência artificial fazer essa escolha no nosso lugar?

É interessante considerar que a opinião pública pode mudar muito rapidamente, como apontou Patrick Lin, diretor de um grupo que estuda ética na Universidade da Califórnia consultado pelo Gizmodo.

Ele acredita, por exemplo, que um filme hollywoodiano que evidencie os benefícios dos carros autônomos ou mesmo algum acidente grave envolvendo esse tipo de veículo poderiam mudar drasticamente a opinião das pessoas sobre o tema. Será mesmo? O que você acha dessa situação?

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