Até você, Barbie? Boneca gera controvérsia ao coletar dados pessoais

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Um assunto muito discutido nesta década é a privacidade dos dados pessoais nas redes sociais e na navegação de internet. Você já deve ter ouvido inúmeras vezes sobre como o Facebook e a Google lucram com o conteúdo que você gera e pesquisa na web.

Contudo, essa discussão sempre foi voltada para a esfera tecnológica, com pessoas adultas que aceitam os termos e condições antes de utilizarem esses serviços. Se você achava que esse assunto acabaria por aí, se enganou: a Mattel está produzindo uma nova boneca Barbie com reconhecimento de voz conexão à internet para adquirir falas de acordo com os interesses da criança.

Um passo além do permitido?

Hello Barbie – nome oficial do produto – foi o resultado de uma pesquisa da Mattel sobre os interesses das crianças nas próximas bonecas. Os resultados revelaram que grande parte das meninas querem poder conversar com seu brinquedo, e não só ouvir respostas programadas.

Visando atender os interesses de seu público, a empresa desenvolveu uma Barbie que possui reconhecimento de voz e acesso à internet. A boneca faz diversas perguntas – como interesses e informações sobre a família – e busca diálogos que correspondam ao que a criança goste. Contudo, o público infantil estará falando com a Barbie ou com uma empresa que pode utilizar esses dados tão pessoais?

Toda conversa com o brinquedo é enviada ao banco de dados da Mattel e é guardada e analisada para fins de “melhoria”. Será? A empresa diz que nem um desses dados será vendido a terceiros ou utilizado para fins de marketing.

A tecnologia por trás do brinquedo

O novo modelo da boneca foi revelado em fevereiro na New York Toy Fair, contando com a tecnologia de reconhecimento de voz ToyTalk, criada por ex-funcionários da Pixar que já desenvolveram apps infantis similares – alguém associou tudo isso a Toy Story?

Para que o microfone seja ativado, a criança deve apertar um botão antes de começar a falar. Quando o áudio é gravado e analisado, a Barbie pode utilizar esses dados para posteriormente iniciar diálogos.

Na demonstração do evento, uma executiva contava à boneca que gosta de estar nos palcos. Algum tempo depois, quando a mesma pessoa perguntava o que ela poderia ser quando crescesse, a Barbie respondia: “Bom, você me disse que gosta de estar nos palcos, então talvez possa ser uma dançarina. Ou uma política? E que tal uma política dançarina? Eu sempre digo que qualquer coisa é possível.”

Perigoso ou não, os pais ainda devem autorizar

Uma petição já foi criada, requisitando que a Mattel não fabrique a Hello Barbie. A empresa se defendeu, alegando que todas as informações estão protegidas e que os pais é que concordam com os termos de autorização para que o brinquedo grave as vozes de seus filhos.

Apesar desta tecnologia estar cada vez mais presente na vida de todos – em aplicativos como a Siri e Google Now –, já há relatos de crianças que se prendem emocionalmente aos amigos virtuais. Susan Linn, diretora do CCFC (Campaign for a Commercial-free Childhood ou Campanha por uma infância livre de comerciais), diz que a ideia é bizarra e pode causar grandes males à criança e à família.

O que você achou da proposta da Mattel? Uma tendência cada vez mais comum pro futuro? As empresas poderiam se aproveitar dos dados para criar comerciais ainda mais apelativos ao público infantil?

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