Taylor Swift vence 'guerra' contra Apple; entenda a novela do Apple Music

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Taylor Swift declarou guerra à Apple. E venceu. O episódio começou no último domingo (21) com a publicação de uma carta aberta à empresa fundada por Steve Jobs. “Nós não pedimos iPhones de graça a vocês. Por favor, não peçam para que cedamos nossas músicas sem tipo algum de compensação”, protestou a artista.

A postagem diz respeito à contundente forma de funcionamento do serviço de streaming da “Maçã”, o Apple Music: todos que fizerem cadastro junto do app, que será lançado no dia 30 de junho com a atualização do iOS 8.4, poderão usar o serviço durante três meses, de graça. O trimestre de testes, por não cobrar taxa alguma, não renderia pagamentos aos artistas, fato este que motivou o manifesto da artista.

Apple repagina sistema de pagamentos

“Acho [a nova política] chocante, decepcionante e completamente na contramão ‘da filosofia’ de uma empresa historicamente progressista e generosa”, emplacou Taylor. O depoimento da cantora, que foi publicado em seu Tumblr, não apenas chegou aos ouvidos da Apple: a empresa mudou seu sistema de pagamentos a artistas e publicou via Twitter uma série de mensagens acerca da reformulação do Apple Music.

Por meio do microblog, Eddy Cue, vice-presidente sênior do departamento de softwares da “Maçã”, explicou que o Apple Music agora vai fazer pagamentos a cantores mesmo durante os três meses de uso gratuito do app.

Segundo informa o Re/code, a Apple vai fazer o pagamento de uma quantia ainda não divulgada a partir das bases de streaming pelo trimestre gratuito – mais detalhes sobre a forma do contrato não foram ainda revelados. Em seu Twitter, Taylor Swift se disse aliviada e demonstrou satisfação face ao novo posicionamento da Apple; não se sabe ainda se o álbum “1989” será disponibilizado pela cantora via Apple Music.

“Estou contente e aliviada. Obrigada pelas palavras de apoio de hoje. Eles nos ouviram”, escreveu a artista. A nova filosofia da empresa atende, é claro, as reivindicações de Taylor e também gera certa segurança a artistas independentes.

Leia na íntegra a carta de protesto publicada pela cantora:

À Apple, com amor

Estou escrevendo isso porque quero explicar o motivo da não publicação do meu álbum, o “1989”, junto do novo serviço de streaming, o Apple Music. Sinto que isso merece uma explicação, pois a Apple foi e vai continuar sendo uma das minhas melhores parceiras na venda de músicas e na criação de canais de aproximação entre eu e meus fãs. Respeito a companhia e as verdadeiras mentes engenhosas que criaram um legado baseado em inovação e na defesa de limites corretos.

Tenho certeza de que vocês estão cientes de que o Apple Music vai oferecer um período gratuito de testes de três meses para qualquer usuário que decidir acessar o serviço. Não sei se vocês sabem que o Apple Music não vai pagar compositores, produtores ou artistas durante esses três meses. Acho isso chocante, decepcionante e que vai na contramão de uma empresa historicamente progressista e generosa.

Isso não tem a ver comigo. Felizmente estou em meu quinto álbum e posso bancar a mim mesma, à banda, à equipe e todo o time de gestão fazendo shows ao vivo. Tem a ver com os novos artistas ou bandas que acabaram de lançar seu primeiro single e que não serão pagos pelo seu sucesso. Tem a ver com o compositor jovem que acabou de conseguir sua “primeira oportunidade” que pensou que os royalties iriam ser pagos. Tem a ver com o produtor que trabalha sem descanso para inovar e criar, assim como os produtores da Apple que são pioneiros em seus campos... Mas (sic) não serão pagos por um quarto de ano pela reprodução de suas músicas.

Estas não são as lamentações de uma criança “perturbada ou mimada”. Estes são os sentimentos ecoados por todos os artistas, compositores e produtores de meu círculo social que estão com medo de falar em público porque admiramos e respeitamos muito a Apple. Nós simplesmente não admitimos esse tipo de “política”.

Percebi que a Apple está trabalhando rumo a uma nova direção nos serviços de streaming pagos. Acho que isso este é um progresso notável. Sabemos o quão astronômico tem sido o sucesso da Apple e sabemos que esta companhia incrível tem dinheiro para pagar artistas, compositores e produtores pelos três meses de teste... Mesmo que o período seja gratuito para quem está testando o app.

Três meses é um longo tempo para que nenhum pagamento seja feito, e pedir para qualquer um trabalhar por nada é injusto. Falo isso com amor, reverência e admiração por tudo o que a Apple tem feito. Espero que eu possa em breve me juntar ao modelo promissor de streaming que pareça justo com aqueles que criam músicas. Acho que o Apple Music pode ser a plataforma que pode fazer a coisa certa.

Mas digo à Apple com todo o respeito que ainda não é tarde para mudanças de políticas e também das mentes daqueles que, da indústria da música, serão profunda e gravemente afetados por isso. Nós não pedimos iPhones de graça a vocês. Por favor, não peçam para que cedamos nossas músicas sem tipo algum de compensação.

Ironia

Brincadeiras que se valem do embate entre Taylor Swift e Apple não tardaram a aparecer, naturalmente. Foi o caso da tirinha produzida pelos escritores do The Joy of Tech. Ao resgatar uma propaganda de 1984 da Apple, o quadrinho coloca um martelo na mão da cantora, que esmaga o monitor que exibe Tim Cook, CEO da Apple.

“1984” é uma referência direta ao romance ficcional de mesmo nome, de George Orwell. No mundo retratado pelo livro, traços de personalidade desaparecem e dão lugar a uma série de padrões, que vão da roupa até o idioma dos personagens. Abaixo, a tirinha bem-humorada de The Joy of Tech.

 Tirinha que satiriza o comercial de promoção do Mac.

"Em 30 de junho, a Apple vai lançar seu serviço de streaming de músicas. E você vai ver que o '1989' de Taylor Swift ajudou a Apple a parecer que ele era de '1984'", diz a ilustração. A seguir, o velho comercial de introdução do Mac para referência.

Vale lembrar que, em novembro de 2014, Taylor Swift retirou o “1989” do Spotify também por não concordar com as políticas de streaming do serviço. O Apple Music será lançado ao final deste mês como parte de uma vindoura atualização do iOS 8.4. Após o período de avaliação gratuita por três meses, a assinatura individual vai custar US$ 9,99; a “familiar”, para até seis pessoas, será taxada em US$ 14,99.

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