Review: placa de vídeo AMD Radeon R9 Fury X [vídeo]

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Depois de muito tempo presas ao padrão Full HD, as fabricantes parecem estar preparadas para abraçar a tão sonhada resolução Ultra HD — que você deve conhecer apenas como 4K. E não estamos falando de possibilidades atreladas a soluções que envolvem múltiplas placas.

A AMD mostra seu comprometimento com os gamers e traz inovações ao setor com a chegada da tão aguardada Radeon R9 Fury X, a qual foi anunciada na E3 2015 e promete ser uma aposta sólida em termos de desempenho, temperatura e eficiência energética.

O novo modelo top de linha da marca se destaca frente à concorrência com um novo padrão de memória e um chip gráfico pronto para uma nova era. Trata-se de um componente com uma arquitetura realmente inovadora, que promete ótimos resultados com as atuais APIs, mas que visa levar o jogador a um novo nível de realidade com o suporte completo ao DirectX 12.

Com tamanho reduzido e sistema de refrigeração a líquido, esta monstra foca em melhorias como a tecnologia FreeSync, a possibilidade de experimentar resoluções elevadas com o novo recursos Virtual Super Resolution, bem como a capacidade de rodar jogos com aparelhos de realidade virtual. Vamos conferir de perto todos os benefícios da AMD Radeon R9 Fury X.

Especificações

Design de cair o queixo

É impossível olhar para a Fury X e não ficar de queixo caído com o visual muito bem trabalhado pela equipe da AMD. Levando em conta as dimensões absurdas das demais placas do segmento, a redução no tamanho do produto é impressionante. Ela chega a ser quase tão pequena quanto uma placa projetada para sistema mini-ITX.

O modelo que nós testamos é montado pela AMD, mas os demais produtos disponíveis no mercado são idênticos na questão do formato, algo que foi exigido pela dona dos chips Radeon. Essa redução nas dimensões só foi possível graças a dois fatores: reestruturação interna e sistema de refrigeração. Comentaremos sobre esses pormenores posteriormente.

O dissipador que recobre todo o componente deixa o visual muito bonito e traz apenas o nome da marca, que fica iluminado quando a placa está ligada, o que é perfeito para quem tem case com janela de acrílico. Na parte traseira, as conexões da mangueira levam até o radiador, que é de tamanho aceitável e deve caber tranquilamente na maioria dos gabinetes.

Não há nenhum componente da parte interna acessível ao consumidor, já que a carcaça envolve todas as peças e garante ótima refrigeração e proteção. Os únicos itens visíveis são os conectores de energia e um sistema inovador de LEDs que indica o nível de utilização da placa de vídeo.

A novíssima arquitetura Fiji

Um dos grandes diferenciais que faz a nova Fury X ser tão revolucionária foi o redesenho do chip principal, que agora deixa de ser apenas focado no processamento e fica encarregado de acomodar memória RAM e matriz lógica.

O substrato contém o interposer, elemento que conecta todos os componentes e acelera a comunicação entre a memória RAM e o processador. O gráfico abaixo pode facilitar o entendimento sobre o componente principal da Fury X:

O processador da Fury X é fabricado com litografia de 28 nanômetros e trabalha com tecnologias exclusivas, como a AMD PowerTune, a Frame Rate Targeting Control, a AMD Eyefinity e a Virtual Super Resolution.

HBM: memória de altíssimo desempenho

Projetada para rodar games na resolução 4K, a Fury X consegue resultados impressionantes com a nova tecnologia de memórias HBM e pode competir com as concorrentes que têm até maior quantidade de memória. Trata-se de um padrão completamente diferente do GDDR5, que está presente nas placas da linha R9 300 e também da NVIDIA.

Este novo padrão de memória empilha os módulos na vertical, como se os chips de memória fossem andares em um prédio. Graças a essa estrutura diferenciada, a memória HBM usa menos espaço físico, o que consequentemente reduz o tamanho do chip principal e o espaço utilizado na placa principal.

Em questão de funcionamento, toda a operação destes módulos é bem diferente do que estamos habituados no GDDR5. A interface de cada pilha de memória salta dos tradicionais 32 bits do GDDR5 para 1024 bits no HBM. Na prática, isso significa que temos uma grande diferença na largura de banda, que chega a mais de 100 GB/s em cada pilha.

Outra grande vantagem é o sistema de funcionamento da memória HBM, que aproveita a energia da melhor forma possível e evita desperdícios. A memória HBM trabalha com tensão de apenas 1,2 volt, enquanto a GDDR5 exige 1,5 volt. Ela reduz consideravelmente o consumo de energia e ainda oferece mais performance do que o antigo GDDR5. Essa é uma exclusividade da AMD que pode ser um grande diferencial.

Energia e refrigeração

Uma das grandes promessas da AMD para esta placa é a redução no consumo de energia e, de fato, ela consegue incríveis resultados, se levarmos em conta a alta capacidade de processamento. A alimentação é feita através de dois conectores de oito pinos e, de acordo com a AMD, o TDP é de 275 watts.

Segundo a informação oficial da AMD, na hora de rodar os jogos, o consumo de energia da placa fica próximo dos 260 watts. Em nossas verificações de consumo, nas quais coletamos dados sobre o consumo total da máquina, a placa se mostrou mais econômica do que a GTX 980 Ti e a Titan X na hora dos jogos, mas não obteve números tão bons quando ociosa ou na execução de conteúdos multimídia.

Com o sistema de refrigeração a líquido, a Fury X roda com temperaturas próximas dos 50 graus na hora dos games. É a melhor placa em questões de temperatura, conseguindo manter o chip gráfico muito bem refrigerado. Em modo ocioso, ela também se sai muito bem. Para quem quer abusar do poder da placa, dá até para fazer overclocking sem medo!

Overclocking

Falando em potencial exagerado, não podemos deixar de comentar sobre a possibilidade de realizar overclocking com facilidade na Fury X. Nós inclusive conversamos com Alfredo Heiss, especialista em hardware da AMD, sobre essas possibilidades, levando em conta que o sistema de refrigeração pode ajudar a conter as temperaturas e liberar poder extra ao jogador.

O próprio AMD Catalyst Control Center conta com uma opção facilitada para tal configuração, sendo possível regular tanto o clock do chip gráfico quanto o power limit. Por ora, a memória HBM não pode ter sua frequência alterada, mas é possível que essa opção seja adicionada futuramente.

Bom, nossa experiência de overclocking com a AMD Radeon R9 Fury X não foi extremamente positiva. Nós conseguimos fazer a placa funcionar perfeitamente com a frequência rodando 5% acima do padrão, mas observamos alguns artefatos na hora do processamento de gráficos tridimensionais. A temperatura não teve grande diferença neste cenário.

Entretanto, quando tentamos trabalhar com uma margem de 10% de overclocking, a placa simplesmente não executou os jogos. A ideia era justamente alterar este parâmetro para conseguir equipará-la com as placas de vídeo GTX 980 Ti que já vêm com alterações de fábrica. Infelizmente, não conseguimos sucesso no Windows 8 nem no Windows 10.

Vale salientar ainda que tentamos procedimentos idênticos usando o MSI Afterburner, mas a placa não se comportou bem e apresentou os mesmo problemas. Tudo leva a crer que este problema pode ser referente ao modelo que testamos, que já foi usado em outros testes. Além disso, é preciso considerar que o driver da placa de vídeo pode melhorar muito, de modo que não podemos dizer que esta placa não vai suportar melhores alterações no futuro.

AMD FreeSync

Há algum tempo a AMD apresentou o FreeSync, um sistema de sincronização vertical que permite que a placa de vídeo controle a taxa de atualização do monitor, conseguindo, com isso, aumentar a fluidez das imagens.

Ao contrário do G-Sync, da NVIDIA, esse sistema não exige um hardware proprietário incluído no monitor para funcionar, pois o FreeSync aproveita as especificações do padrão DisplayPort para fazer isso. Contudo, você precisa ter um monitor capaz de oferecer essa tecnologia para poder ativá-la em sua placa de vídeo.

Considerando o potencial da Radeon R9 Fury X, ela é certamente a placa mais indicada para quem pretende usar este recurso, já que consegue alcançar taxas acima dos 144 frames por segundo em muitos jogos com qualidade gráfica excelente.

AMD VSR – Virtual Super Resolution

A super-resolução virtual não é uma exclusividade ou novidade da Radeon R9 Fury X, mas esta configuração certamente ganha destaque nesta placa top de linha. O VSR aumenta a qualidade visual ao trabalhar com resoluções elevadas para exibir gráficos ainda melhores em monitores de capacidade limitada.

Para entender como ele funciona, pense em um monitor Full HD. Agora, imagine uma imagem em resolução inferior à do monitor. Para preencher toda a tela, a imagem precisará ser esticada, deixando as imperfeições mais aparentes. O downsampling funciona de forma parecida, só que ao contrário.

Em vez de esticar uma imagem pequena para preencher a tela, ele espreme uma imagem grande para que ela possa ser exibida em um monitor com resolução menor que a da imagem gerada, eliminando quase que completamente as imperfeições. Isso é especialmente útil para quem pretende rodar jogos com qualidade 4K em monitores Full HD.

A compatibilidade é garantida pelo Catalyst Control Center, que configura os jogos e todos os detalhes para que você não precise se preocupar com nada. Basta indicar que você pretende usar o Virtual Super Resolution e configurar nos games para a resolução 4K.

A AMD Radeon R9 Fury X é especialmente destinada a esse tipo de tarefa, já que ela é feita para 4K e pode ser perfeitamente aproveitada por jogadores que ainda utilizam monitores Full HD. A placa top da AMD deu conta de rodar os principais games da atualidade em resolução 4K com configurações visuais elevadas e desempenho acima de 30 fps.

Testes de desempenho

Para conferir o desempenho da placa de vídeo em situações práticas, nós realizamos uma série de testes que você possivelmente faria em seu computador. As configurações de vídeo foram definidas para o nível mais elevado, incluindo filtros, mas o V-Sync foi mantido desativado. Os testes são divididos em duas etapas: jogos e benchmarks sintéticos.

Máquina de testes

  • CPU: Intel Core i7-3930K @ 3.200 MHz
  • Placa-mãe: EVGA X79 SLI
  • Memória: 16 GB RAM quad-channel G. Skill Sniper DDR3 2133
  • SSD: Samsung 840 Pro 256 GB
  • HD: 3 TB Seagate ST3000M001
  • Fonte: Corsair AX1500i

Jogos

F1 2015

Com o amadurecimento da série F1, a Codemasters conseguiu polir os gráficos do mais novo título, garantindo bom aproveitamento dos recursos de hardware e entregando visuais estonteantes com o DirectX 11.

Hitman: Absolution

Apesar de ser um jogo de 2013, Hitman: Absolution serve perfeitamente para verificações com tecnologias mais recentes, já que sua engine abusa do poder de processamento e trabalha com o DirectX 11. Os resultados são frutos do benchmark próprio do game, servindo perfeitamente para um comparativo.

Metro Last Light Redux

Metro: Last Light aproveita o poder das GPUs modernas para trazer gráficos excelentes, texturas em alta definição e muita destruição com efeitos especiais incríveis. O game é construído com a engine 4A e também é uma excelente prova de fogo para placas mais robustas.

Middle Earth: Shadow of Mordor

Testes em 4K

Levando em conta que o foco da AMD Radeon R9 Fury X é o trabalho com jogos na resolução 4K, achamos sensato rodar alguns benchmarks dos games analisados anteriormente para conferir como a placa se sai nestas situações mais "pesadas" e como ela se compara à sua principal rival. Rodamos os testes no Windows 8 e no Windows 10 para conferir as diferenças entre sistemas.

Benchmarks

3DMark

O 3D Mark é um dos mais famosos programas de benchmark. Ele se destaca principalmente por trazer uma grande variedade de cenários para testes dos diferentes recursos de hardware e software da placa de vídeo. Este benchmark é dividido em quatro etapas, cada qual com um nível de complexidade mais avançado, e abaixo mostramos os principais resultados.

Unigine Valley

O Valley Benchmark mostra uma região cheia de montanhas com uma enorme quantidade de árvores em um terreno de 64 milhões de metros quadrados — verificando principalmente a capacidade da memória gráfica da placa de vídeo. Este software ainda trabalha com muitos efeitos de luz, colocando o poder da placa de vídeo à prova.

Temperatura

O trabalho de refrigeração da AMD Radeon R9 Fury X é exemplar, garantindo temperaturas de funcionamento próximas às que vemos em placas de vídeo de médio desempenho. Ela foi a placa que obteve as menores temperaturas em Full Load, ou seja, quando o chip gráfico estava sob máximo estresse.

Consumo

Durante os testes, nós realizamos algumas medições no consumo de energia com a ajuda de um dispositivo chamado Kill a Watt, que informa o consumo total da máquina, ou seja, quanto ela está “puxando” da tomada. As medições são realizadas em três momentos distintos:

  • Ocioso: máquina ligada, mas sem nenhum aplicativo em atividade;
  • Filme: filme em qualidade Full HD rodando em tela cheia;
  • 3DMark FireStrike Extreme: simula o uso normal da máquina em jogos.

Vale a pena?

A Fury X é a placa mais poderosa da AMD que já passou por nossas mãos e ficamos impressionados com o potencial dela. Trata-se de um componente muito bonito e de um projeto bem resolvido em todos os aspectos. Apesar de ser pequena, esta placa guarda muito poder embaixo do dissipador. Conforme conferimos em nossos testes, o chip gráfico está pronto para os games em 4K.

A tecnologia de memória HBM surpreende em todos os aspectos, ajudando a economizar energia, diminuir o tamanho do produto e ainda colaborar com o processador na hora de encarar o novo padrão Ultra HD. Dá para perceber que essa novidade faz toda a diferença, principalmente se levarmos em conta que a placa conta com apenas 4 GB, mas não mostra dificuldades em jogos de alta resolução.

O sistema de refrigeração também é um diferencial, já que reduz o tamanho da placa e garante boa temperatura de funcionamento. Ficamos impressionados com como o chip gráfico roda tranquilamente os jogos, com temperaturas abaixo dos 50 graus Celsius. Nossa única decepção foi a parte de overclock, mas ainda temos esperança de que este inconveniente possa ser resolvido com novos drivers.

A AMD Radeon R9 Fury X chega ao mercado brasileiro através de marcas como ASUS e Sapphire. Os dois modelos disponíveis por aqui trazem as mesmas especificações, mas os softwares embarcados podem ser diferentes.

A versão mais barata da Fury X que encontramos custa R$ 3,7 mil. Levando em conta que ela vem para concorrer com a 980 Ti, achamos o valor meio salgado, pois o preço está acima da concorrente (que pode ser encontrada por R$ 3,4) e o desempenho nem sempre chega a ser equivalente.

É importante notar que esta parte de preço não depende somente da AMD. Lá fora, a placa tem preço sugerido na mesma faixa da GTX 980 Ti, mas as coisas podem variar no Brasil. Atualmente, temos o dólar chegando a quase 4 reais, o que complica muito esse comparativo direto de preço. Além disso, temos de considerar que há variação no valor de acordo com o tipo de transporte e a loja.

Enfim, em nossas pesquisas, o valor estava acima do esperado, mas isso não significa que esta não seja uma ótima opção para quem pretende curtir os games em 4K. É válido acompanhar os valores, pois temos aqui uma placa muito boa em performance e solução de refrigeração. Estamos ansiosos para conferir o potencial do produto com o DirectX 12.

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