O que é rastro de carbono?

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Que o ser humano e a civilização têm um impacto na ecologia do planeta ninguém duvida. As alterações climáticas e diversos outros fenômenos – efeito estufa, chuva ácida, desertificação etc – são prova dessa influência. Porém, com o aumento da consciência de que é necessário fazer algo a respeito, surgiu também a necessidade de dimensionar e dar valores à essas alterações ambientais.

Em 1992 alguns pesquisadores canadenses começaram a comparar a utilização humana de recursos naturais e a capacidade do ecossistema em regenerá-los. Inicialmente, essa relação foi chamada “capacidade de transporte apropriado”. Mais tarde, para facilitar o entendimento do conceito, este nome foi alterado. O cálculo de impacto e regeneração de recursos naturais passou a se chamar ecological footprint. “Pegada ecológica” seria uma tradução literal, porém inadequada. Assim preferiu-se usar, em português, o termo “rastro”, melhor relacionado ao conceito inicial.

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Definindo rastro de carbono

Rastro de Carbono

Entre as diversas medidas que compõem o rastro ecológico de determinada atividade ou produto, uma das mais conhecidas é o rastro de carbono. (carbon footprint em inglês) Por definição, o rastro de carbono é “a quantidade total de emissão de gases do efeito estufa causada direta ou indiretamente por um indivíduo, organização, evento ou produto”. Como o impacto que cada um dos gases causadores de efeito estufa – dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e hexafluorido de enxofre, além dos clorofluorcarbonos e perfluorcarbonos – é muito diferente, optou-se então por medir essas emissões a partir de quantidades equivalentes ao dióxido de carbono, o poluente mais comum do grupo.

Para entender melhor o que isso significa, imagine um produto qualquer. Suponha que para a fabricação do produto, transporte deste até o ponto de venda, sua utilização e posterior descarte, sejam liberados na atmosfera em torno de cem quilogramas de gases do efeito estufa. Como cada gás tem um valor diferente de equivalência ao dióxido de carbono, o rastro de carbono desse produto não será exatamente igual aos cem quilogramas de gases. Dependendo de quais substâncias são liberadas, esse valor pode ser maior ou menor.

Para que serve?

A medida de rastro de carbono serve principalmente para determinar quais atividades econômicas são mais poluentes entre o universo de possibilidades existente. Conhecendo esse valor, é possível determinar cursos de ação para minimizar – e em alguns casos zerar completamente – a poluição atmosférica que cada organização causa no ecossistema.

Energia eólica

Por exemplo, a energia eólica – gerada a partir de enormes hélices movidas pelo vento – é conhecida como energia limpa já que depois de instaladas, as centrais elétricas desse tipo não poluem nem emitem qualquer gás para a atmosfera. Entretanto, durante a sua instalação, as obras que possibilitam a implantação das centrais emitem quase tanta poluição quanto à operação de uma usina de força nuclear durante um período de tempo equivalente. Com o planeta já prejudicado nos níveis atuais, essa margem de poluição deve ser considerada quando da implantação de novos sistemas de geração de energia.

Através de pesquisas científicas, determinou-se que a energia eólica é de fato a mais limpa, mesmo considerando-se a emissão de poluente durante sua instalação. Outras fontes também pouco poluentes são a energia hidrelétrica – que inclusive libera menos gases durante sua operação do que a instalação de uma central eólica – e a energia nuclear. Entre as fontes de energia mais poluentes encontram-se as usinas termoelétricas – a carvão, gás ou óleo e até mesmo instalações geotérmicas, que utilizam o próprio calor do planeta para movimentar suas turbinas de produção.

Resolvendo o problema

Planeta TerraA partir do momento que se conhece a dimensão do rastro de carbono de uma atividade ou produto, é possível começar a desenvolver maneiras de diminuir a emissão de gases poluentes. Essa redução pode acontecer de diversas maneiras, incluindo - mas não restritas a - melhorias de processo, mudança de matérias-primas e a utilização de filtros e outros equipamentos físico-químicos.

Outra possibilidade é, no caso de não ser possível diminuir as emissões, contrabalançar o impacto dos gases lançados. Para equilibrar esse fator, iniciativas florestais e outras técnicas de captura de gases são utilizadas, efetivamente diminuindo a presença total dos poluentes no ar.

É importante lembrar que as medidas de rastro de carbono se referem especificamente aos gases poluentes responsáveis pelo efeito estufa. Assim, outras medições são necessárias para se conhecer e evitar a poluição da água, do solo e outros tipos de poluição da atmosfera.

O Protocolo de Kyoto

Protocolo de KyotoAdotado inicialmente em 1997 e em uso desde 2005, o Protocolo de Kyoto é parte da iniciativa da ONU para resolver os problemas de alteração climática a partir da atividade humana. Segundo este tratado, países industrializados se comprometem a diminuir suas emissões de gases do efeito estufa em percentagens definidas a partir do valor referência de 1990.

Para não impedir o desenvolvimento econômico, alguns países como a Islândia e a Austrália receberam permissão especial para aumentar sua quantidade de emissões, e países subdesenvolvidos como o Brasil, a China e a Índia não receberam restrições relativas à quantidade de gases liberados para a atmosfera.

Comércio de emissões

Uma prática comum às iniciativas de controle de poluentes em geral, o comércio de emissões também é prática comum quando se trata do rastro de carbono. Países e empresas têm limitações para a emissão de gases do efeito estufa. Essas limitações são determinadas por uma autoridade central, normalmente um governo nacional ou organização internacional como a ONU, que fixa uma quantidade máxima de poluentes que podem ser emitidos em certo período.

Empresas, fábricas e outros grupos recebem uma permissão para liberarem uma determinada quantidade de gases. Caso uma fábrica não consiga cumprir o seu limite, e não ser possível reduzir sua emissão, ela tem a opção de “comprar” créditos de outra organização que libere menos poluentes do que seriam permitidos para ela, equilibrando assim a poluição total sem atrapalhar o desenvolvimento econômico do sistema.

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