Curiosidade: mergulhamos um PC no óleo de cozinha [vídeo]

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Você já ouviu falar em “PC Frito”? Se você é do tipo de pessoa que gosta de soluções caseiras e pouco ortodoxas, provavelmente sabe do que estamos falando. Agora, se não tem ideia, fique ligado. O Tecmundo vai mostrar como funciona uma técnica radical para manter a temperatura de um computador baixa e sem fazer barulho.

Nós vamos literalmente mergulhar uma placa-mãe em óleo de cozinha, que vai funcionar como um controlador de temperatura. Como isso surgiu? Funciona? Se sim, por quê? Nós fizemos nossos próprios testes e trazemos os resultados agora para você.

Alerta para os contras da experiência

Há chances de danificar os componentes, uma vez que a eficiência do sistema depende de muitos fatores. Caso queira fazer o experimento, faça por sua conta e risco. O Tecmundo não se responsabiliza por eventuais danos que possam ser causados.

Há vários riscos de usar líquidos em contato direto com componentes elétricos. Em primeiro lugar, a garantia do equipamento é perdida imediatamente. Em segundo lugar, a menor das impurezas no líquido pode causar ionização (uma reação química que forma íons), o que causa fuga de corrente elétrica e curto-circuito.

Você deve considerar ainda a possibilidade de algum vazamento do óleo, o que pode dar uma tremenda dor de cabeça na hora de limpar. Por último, depois de fazer a experiência, se quiser utilizar os componentes novamente, deve limpá-los muito bem.

Nosso objetivo é apenas mostrar como o resfriamento líquido funciona. A prática é incomum e corre por vídeos do YouTube e fóruns de usuários que gostam de experiências de alto nível. Não é algo que se encontra em manuais de resolução de problemas, vamos dizer.

Como fizemos

Para nossos testes, utilizamos um computador Athlon 64 3500+ de 2,2 GHz e 512 MB de memória RAM compartilhada com a placa de vídeo. O sistema é o Windows XP com Service Pack 3.

Optamos por submergir apenas a placa-mãe e a fonte, a maneira mais básica de fazer a experiência. Logo no começo, deparamo-nos com o primeiro obstáculo: o dissipador do processador. Como retiramos a placa do seu gabinete original, precisamos adaptar os parafusos para prender o dissipador.

Utilizamos um recipiente plástico grande para não correr riscos de vazamento do óleo. Neste momento, o desafio foi definir como conectar os cabos que saem da placa-mãe para os outros componentes que não podem ser submersos, como o disco rígido e os periféricos. Precisamos recorrer a um cabo SATA grande para conectar o HD sem aproximá-lo do óleo. Apesar de ser vedado, preferimos não arriscar com este componente específico.

Reconectamos os cabos e encontramos mais um problema: como ligar o PC? Quando se tem um botão “Power”, é muito simples, mas a história é diferente diante de uma placa-mãe isolada. A solução foi retirar o botão do gabinete e adaptá-lo na placa.

Antes de despejar o óleo, ligamos a máquina, afinal, a ideia era medir a temperatura sem o efeito da técnica. Com o software HWMonitor, registramos uma máxima de 59° no processador.

Começamos a despejar o óleo com a máquina ligada. Aqui, optamos pelo de canola por uma questão de custo-benefício. Basicamente, qualquer óleo vegetal dá certo. Como este é mais barato, é um dos mais utilizados pelos usuários domésticos. Ao todo, foram necessários pouco mais de 16 litros para cobrirmos a placa-mãe inteira (inclusive o dissipador do processador) e parte da fonte.

Imediatamente, a temperatura despencou sem parar. De 59°, baixou até 33° em menos de 10 minutos, estabilizando-se em 34°. A máquina, que antes apresentou alguns travamentos, ficou mais rápida e mais estável.

Utilizamos o software FurMark, que faz benchmarks pesados. Neste momento, a temperatura subiu um pouco, para 41° — ainda assim, consideravelmente baixa para o nível de exigência dos testes.

Conferimos a temperatura do óleo. Na superfície, ele estava um pouco morno, mas estava bem frio mais para baixo. Definitivamente, comprovamos que a técnica do PC Frito funciona. A dificuldade foi limpar tudo depois. Ecologicamente corretos, juntamos todo o óleo em garrafas PET e levamos para coleta em um supermercado preparado para isso.

Por que funciona?

Provavelmente você já ouviu falar em resfriamento líquido. Alguns computadores precisam arrefecer componentes especiais dessa maneira, pois os coolers comuns não dão conta do recado — um componente em overclock pode precisar de um sistema especial para esfriar, por exemplo.

Basicamente, um sistema de resfriamento líquido se aproveita de um princípio básico da termodinâmica: o calor passa de algo mais quente para algo mais frio. Enquanto o mais quente esfria, o mais frio esquenta. A água é boa para isso porque move o calor com mais rapidez do que o ar e também absorve mais calor antes de atingir uma temperatura alta.

Nota: o exemplo acima é baseado em um sistema com bomba integrada, o qual não conta com reservatório.

Claro que não são todos os componentes de um computador que suportam o contato com qualquer tipo de líquido, por isso os sistemas de resfriamento profissionais para essa finalidade direcionam o líquido com tubos e canos para as partes que podem ser molhadas.

Muitos componentes elétricos entram em curto quando molhados. Mas alguns líquidos — como o óleo de cozinha — conseguem dispersar o calor e agir como isolantes elétricos. Por isso surgiu a técnica chamada “Deep-Fried PC”, ou seja, um PC frito, pois ele é submerso em óleo.

Como você viu, no nosso caso utilizamos óleo de canola pela simplicidade e acessibilidade. Óleo mineral é melhor ainda, mas o preço já é bem maior. Alguns, como o site Tom’s Hardware, recomendam até mesmo óleo de motor. Enfim, o importante é que o líquido não conduza eletricidade para não interferir nos componentes do computador.

Diferentes maneiras de fazer

Como esta técnica não é oficial, por assim dizer, cada um dá o seu jeito de improvisar. Alguns simplesmente colocam a placa-mãe em uma bandeja e a submergem em óleo de cozinha. Um usuário engraçadinho do HardForum até tirou onda e fritou umas batatinhas com o óleo. Ele conseguiu o feito porque colocou um forno elétrico debaixo da bandeja de alumínio onde estava a placa-mãe submersa no óleo.

Este usuário esquentou o óleo e fritou umas batatinhas. (Fonte da imagem: HardForum)

Já o pessoal do site Tom’s Hardware fez uma máquina incrível, a qual passou por um delicado processo de fabricação. Eles utilizaram um gabinete de acrílico modificado (os parafusos foram colados e várias entradas foram seladas). A base do processador também foi selada para que o óleo não entrasse em contato direto.

Com o gabinete totalmente vedado, 30 litros de óleo vegetal foram despejados, e o computador funcionou silenciosamente a partir disso. E olha que a configuração não é a de um computador básico: um Athlon 64 FX-55 com 1 GB de memória RAM DDR400 e placa GeForce 6800 Ultra.

O PC personalizado do Tom´s Hardware. (Fonte da imagem: Tom´s Hardware)

Já o site Puget Systems foi ainda mais longe. Eles garantem que utilizam computadores refrigerados com óleo mineral há anos, sem efeitos adversos nos componentes, e agora comercializam um kit com todas as partes necessárias para que os interessados montem o seu próprio computador em um aquário. O valor é de US$ 595,65 nos Estados Unidos.

Computador que utiliza óleo mineral e um aquário como gabinete. (Fonte da imagem: Puget Systems)

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Esperamos que você tenha gostado desta curiosidade. Voltamos a frisar: ainda há muitas dúvidas sobre a segurança dela, então não recomendamos que você faça sem saber exatamente o que está aprontando. Até uma próxima oportunidade.

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