Sem medo de agulhas. Como serão as injeções em pouco tempo

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Seja você jovem ou adulto, homem ou mulher, não há como negar: ninguém gosta de ser medicado com uma agulha entrando no braço (ou em qualquer outro lugar). Alguns podem estar até mais acostumados com a seringa, enquanto outros ainda têm calafrios ao ver um médico ou enfermeira dando aqueles “petelecos” no tubo de plástico, mas a opinião negativa sobre injeções continua unânime.

O design básico de uma seringa não mudou desde o século XVII, quando a primeira agulha hipodérmica fina o bastante para penetrar a pele sem causar danos foi inventada. Variantes no tubo com o medicamento e no processo de aplicação trouxeram mais segurança e um pouco menos de dor para as aplicações, mas as temidas agulhas continuam presentes.

Graças à tecnologia, os dias deste método doloroso para administração de medicamentos intravenosos estão contados. Há anos que empresas e cientistas do mundo todo têm trabalhado para garantir aplicações indolores no futuro, sendo que os resultados já estão começando a aparecer.

O Tecmundo preparou esta matéria vai deixar você por dentro das novas tecnologias de seringas que poderão acabar com boa parte do choro das crianças nos hospitais em um futuro próximo. Confira!

Como nos mosquitos

(Fonte da imagem: Divulgação Wikimedia Commons)

Engenheiros da universidade de Osaka criaram uma seringa quase indolor que usou a “boca” alongada dos mosquitos como inspiração. Surpreendentemente, um dos motivos que fazem a picada de um inseto ser quase imperceptível está no fato de que a sua “agulha” natural é enrugada, e não lisa.

Outra característica copiada da natureza é a vibração que o mosquito faz para evitar a dor, além de uma substância relaxante que faz com que a picada em si seja imperceptível. A presença do mosquito só é notada depois que ele já está voando bem longe da “vítima”, por causa da vermelhidão e coceira que essa substância provoca depois que para de agir.

Quando testada em humanos, os pacientes disseram que a penetração da agulha de mosquito é muito menos dolorida do que a de uma comum, mas o desconforto que ocorre depois durou por mais tempo. Os engenheiros acreditam que versões melhoradas farão com que a seringa seja tão eficiente quanto a dos mosquitos em alguns meses.

Lasers no lugar de agulhas

Já a empresa Pantec Biosolutions AG recorreu ao poder da luz do laser para criar pequenos furos na pele, permitindo que o medicamento seja absorvido. O aparelho, que recebeu o nome de P.L.E.A.S.E (Painless Laser Epidermal System), faz as perfurações profundas o suficiente apenas para atravessar a camada mais fina da pele sem tocar na derme, onde os sensores que provocam a dor estão.

Depois do processo com o laser, uma etiqueta descartável contendo o medicamento é aplicada sobre o local, permitindo que os folículos sejam alcançados de maneira indolor. Como o aparelho dispensa cuidados especiais, qualquer pessoa pode fazer a aplicação, inclusive o próprio paciente. O P.L.E.A.S.E já está em processo de testes e distribuição na Europa.

Microagulhas absorventes

Visão microscópica das agulhas (Fonte da imagem: Divulgação Emory University School of Medicine)

Este sistema usa centenas de agulhas microscópicas que se dissolvem na pele para permitir a administração de remédios e vacinas de forma totalmente indolor. Pacotes contendo centenas de agulhas que medem apenas alguns mícrons transportam o produto para os vasos sanguíneos à medida que são absorvidos pela pele.

Além de ser indolor, esse processo também dispensa a necessidade de se manter os medicamentos em ambientes refrigerados e não requer cuidados especiais para a aplicação e manuseio, o que facilitaria muito as campanhas de vacinação em grande escala.

Depois de aplicada, as microagulhas absorventes não deixam qualquer detrito pontiagudo ou vestígios de sangue do paciente, o que permite que o lixo seja descartado com muito mais segurança e facilidade.

Os estudos para o desenvolvimento da microinjeção estão sendo conduzidos pela Universidade Tecnológica da Geórgia, nos Estados Unidos, e já conta com o apoio do Instituto Nacional de Saúde do país. Vários testes bem-sucedidos foram realizados em cobaias vivas, mas ainda são necessárias mais certificações antes que a tecnologia comece a ser aplicada no dia a dia.

Agulha superfina

Seringa com agulha indolor (Fonte da imagem: Divulgação Sanofi Pasteur)

Neste ano, o Ministério da Saúde estadunidense passou distribuir a vacina contra a Influenza usando a seringa “Influenza Intradermal”, um novo tipo de microinjeção indolor desenvolvida pelo laboratório Sanofi Pasteur.

Essa seringa não tem nenhuma artimanha tecnológica notável para evitar a dor, exceto pela sua agulha que é tão fina quanto um fio de cabelo e tem apenas 1,5 milímetros de comprimento. Assim como as agulhas de acupuntura, ela pode penetrar na pele causando o mínimo de irritação possível ao sistema nervoso.

A injeção da Sanofi Pasteur também é mais eficiente, fazendo com que a imunidade contra a influenza seja aplicada em um tempo menor do que as vacinas tradicionais, e com doses menores de medicamento. Porém, todo o trabalho de administração do remédio e cuidados com o lixo hospitalar continua o mesmo.

Injeção por jato

Injetor sem agulhas da PharmaJet (Fonte da imagem: Divulgação PharmaJet)

A intenção de se criar opções indolores para medicamentos intravenosos não é recente, sendo que uma solução que usa um jato de alta velocidade foi adotada por vários países do mundo a partir dos anos 60.

Porém, vários problemas vieram junto com esses equipamentos, que falhavam em isolar os riscos de contaminação entre vários pacientes, agindo mais como um agente que disseminava doenças em vez de imuniza-las. Por fim, o método foi banido em 1997 pelas Forças Armadas dos Estados Unidos, o maior usuário do sistema.

Agora, a empresa PharmaJet afirma ter criado um novo tipo de injeção por jato que sanou todas as complicações do sua antecessora. O sistema não usa nenhuma agulha e é totalmente indolor, empregando um spray de alta velocidade para empurrar o medicamento através da pele em uma fração de segundo.

Diferente da tecnologia dos anos 60, o PharmaJet usa molas de alta pressão para criar o jato, em vez de tubos de gás comprimido. Pontas de aplicação removíveis e seringas descartáveis evitam a contaminação entre vários pacientes.

Assim como outras soluções modernas, este sistema também facilita a eliminação do lixo resultante, por não usar agulhas pontiagudas. A injeção indolor da PharmaJet já foi empregada em campanhas de vacinação nos Estados Unidos, mas são necessários mais casos de teste antes que o novo método tenha sua eficácia comprovada.

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